26 de março de 2018 admin

Nos dias sete e oito de outubro, em São Paulo, aconteceu uma série de eventos promovidos pela Associação Nacional por uma Economia de Comunhão (Anpecom) que reuniu cerca de 150 pessoas interessadas na Economia de Comunhão (EdC) no Brasil. Um dos eventos foi a Assembleia Ordinária e Extraordinária da associação, na qual foram apresentados os resultados dos projetos realizados no triênio 2014/2017, as prestações de contas de 2016 e a eleição da diretoria que gerenciará de 2018 a 2020, entre outros assuntos.

Dentre os resultados atingidos nessa gestão foram a formação de uma equipe de projetos especializada, a profissionalização da gestão da associação e a inserção da Economia de Comunhão no ecossistema de negócios de impacto social. Destaca-se a criação do Programa de Fortalecimento de Negócios Inclusivos de Comunhão (Profor); a parceria com a Aliança Empreendedora, que propiciou que a EdC recebesse, pela primeira vez, recursos externos ao âmbito do Movimento dos Focolares; o mapeamento da rede nacional da EdC, que conta com 104 pessoas trabalhando voluntariamente em todo o Brasil, o mapeamento da rede de negócios da EdC, com a produção de um catálogo de empresas, as parcerias com os polos empresariais e com a Secretaria do Estado do Ceará para disseminar a cultura da comunhão no sertão do estado e a estruturação inicial de parceria com o Civitas, que visa a cidadania e o empreendedorismo. Também fizeram parte da apresentação de resultados o Programa de Superação de Vulnerabilidade Econômica (SUPERA), a coordenação do centro de estudos e pesquisas da Economia de Comunhão (o que a teoria pode contribuir para a EdC), os workshops para jovens e a primeira feira de negócios realizada no Polo Spartaco, em parceria com a Anpecom. Na parte de Marketing, foi divulgado os quatro pontos que a Anpecom desenvolve na comunicação.

Segundo Flávio Toledo, gerente da Pasticcino, “As apresentações e os projetos de superação da vulnerabilidade econômica diretamente ligados à EdC foram elevadas a um nível de qualidade, comprometimento, profissionalismo e amor nunca antes visto por mim e até talvez, executado em nossa sociedade”.

Durante a assembleia foram aprovadas as duas alterações estatuárias: a criação da diretoria de relações institucionais e a unificação das diretorias de Comunicação e Marketing, além de transformar a diretoria Administrativa em diretoria de Gestão e Qualidade. A nova diretoria é composta por Maria Helena Faller (presidente), Marcelo Cassa (vice-presidente), Herica Salvador (diretora financeira), Wilson Guimarães (diretor jurídico), Rafaela Tortelli (diretora de Comunicação e Marketing), Giovani Barbosa (diretor de Relações Institucionais) e Magali Perroni (diretora de Gestão e Qualidade).

“A Economia de Comunhão tem potencial de atingir uma escalabilidade significativa em suas ações, desde que estabeleça parcerias e alianças com instituições que atuem em objetivos comuns aos seus e se torne um celeiro de inovação e criatividade, desfrutado por todos, jovens e adultos. Precisamos arriscar cada vez mais e dar espaço para as pessoas criarem. Pudemos perceber os resultados positivos disso nesses primeiros três anos da atual gestão da Anpecom”, diz Maria Helena Faller, presidente da associação, que reforça o objetivo de cada pessoa inserida na EdC. “A nossa especificidade é o nosso relacionamento com a pobreza, como nós compreendemos todas as suas dimensões, além do nosso incomodo com a desigualdade social. Trabalhamos não só nas consequências causadas pela pobreza, mas também atuamos nas suas causas”.

Para Julio Cesar de Carli, estudante de engenharia civil de Curitiba, o fórum foi uma possibilidade de conhecer as várias faces da EdC; desde a concepção teórica e a sua inovação de pensamento econômico, até as suas expressões no mercado e na vida das pessoas. “Obviamente, as histórias das vidas mudadas pelo Profor e o programa Comunhão & Ação são muito impactantes, mas ainda, para além do assistencialismo e empoderamento (exemplares) de pessoas vulneráveis, é muito importante poder vislumbrar que a maior mudança que a EdC propõe, é a cultural. São mudanças culturais, disseminadas e discretas, que moldam a sociedade. Os vários participantes da EdC, com todas as suas diversidades, me fizeram pensar isso”.

Fórum Nacional EdC 2017

A Anpecom promoveu também no final de semana passado o Fórum Nacional de Economia de Comunhão 2017 que abordou o propósito da EdC, os cases do Programa Supera e do Profor, painel de experiências de empresários EdC e pessoas envolvidas, o lançamento da Rede de Negócios EdC e a apresentação do Polo Spartaco, as suas novidades e a feira de negócios.

Conforme divulgado no Fórum, a ideia da Rede de Negócios é criar um portfólio que reúne empresas e profissionais liberais que acreditam ser possível gerar impacto positivo por meio das propostas da EdC, portanto, que aconteçam negócios entre os empresários EdC. A partir dessa rede, uma feira de negócios organizada em parceria com o Polo Spartaco aconteceu na sua sede reunindo 37 empresas e profissionais para fortalecimento de seu networking.

No segundo momento do Fórum, membros da Civitas (uma OSCIP que se ocupa da formação social, cultural e de cidadania oferecida aos jovens pelo Movimento Político pela Unidade) lideraram a programação com o tema “Crise ética, política financeira”. Marconi Aurélio (presidente da Civitas), Pedro Fioreli (vice-presidente), Thiago Risco (tesoureiro) falaram da relação entre a economia e a política e a responsabilidade de um empresário nos dias atuais em buscar o bem comum. “A ideia de Economia de Comunhão traz um novo modelo de empresa, novo modelo de relação entre economia, mercado, a realidade política (a relação de poder e de interesse que se estabelece em uma sociedade) e relações civis, a partir do momento que a empresa é um instrumento de formação da sociedade”, destacou Marconi Aurélio.

Concluindo o fórum com o tema Empreendedorismo e Negócios com propósito, a gerente de projetos da Anpecom, Maria Clézia Santana, apresentou como a EdC está se conectando com outras iniciativas a partir das apresentações do projeto Vilela (mostrar para crianças e adolescentes os caminhos para o bem comum por meio da cultura e do esporte), Instituto de Cidadania e Empreendedorismo (O que são negócios de impacto social?), Brasil Ozônio (soluções tecnolecológicas com ozônio), A Banca (projeto cultural por meio do Hip Hop) e Via Natus (tornar negócios mais sustentáveis e ao mesmo tempo ajuda comunidades em situação de vulnerabilidade).

Segundo Martinho Rocha, empresário e proprietário da Milagros, esse primeiro contato mais profundo com a Economia de Comunhão foi uma das experiências mais intensas que já viveu. “A sensação é que a mesma bomba que estourou coletivamente em maio de 1991 [no lançamento da EdC] estourou dentro de mim 26 anos depois, na mesma sala. Tanto que fiz questão de me associar a Anpecom antes de deixar a sala e sob o olhar sábio, materno e benevolente de Chiara Lubich. Como empreendedor e empresário desejando compartilhar riquezas, este mesmo ambiente, com pessoas tão competentes e modelos de compartilhamento já brilhantemente testados e com resultados concretos e perspectivas animadoras foi um conforto para a jornada solitária comum a qualquer empreendedor. Unir forças, compartilhar o que se tem, seja material ou não, seja doando ou recebendo, não podemos nem temos a pretensão de mudar o mundo, mas podemos faze-lo um pouco melhor”, concluiu.

26 de março de 2018 admin

Que as novas tecnologias tenham atenuado as distâncias e permitido comunicações antes impensáveis, é muito evidente! Mas que, não obstante tudo isso, o encontro físico conserve todo outro sabor feito de expressões, vozes, olhares, calor humano e nível de comunhão muito mais intenso… disso, talvez, vale a pena sempre se lembrar!

Nesta ótica, durante o último fim de semana a Equipe de EoC-IIN reuniu no Polo Lionello Bonfanti, os coordenadores dos Hubs que, até agora, surgiram em 14 países do mundo, após 2 anos do nascimento desta rede de incubação que atrai e apoia uma nova geração de empresários orientados a este tipo de economia inclusiva e profética. Se o trabalho da community, de fato, caminha através de constantes troca de e-mails e conferências via Skype muito dinâmicas, aquilo que si cria durante um encontro ao vivo permanece de um valor inigualável: foi assim que se encontraram colegas e responsáveis dos pontos de acesso do Brasil, Cuba, México, Argentina, Croácia, República Checa, Camarões, Uganda, Espanha, Portugal e Itália, reunidos sob as orientações de uma valiosíssima equipe, também internacional composta por Luigino Bruni, Anouk Grevin, Florencia Locascio, Rebeca Gomez, Koen Vanreusel, Isaias Hernando. Um árduo team building no qual, ao mesmo tempo, se compartilha profundamente, se aprende e se repensa o futuro, com a perspectiva que EoC-IIN seja sempre mais a ponta avançada “por uma EdC 2.0”!

E o resultado foi um verdadeiro caleidoscópio de ideias, inspirações, “contaminações”, relatos, histórias, projetos incubados e tantos novos percursos na lista para quando se volta para casa; 3 dias nos quais primeiramente nos conhecemos melhor, através das paixões, talentos e background de cada um, e depois trabalhamos em brainstorming para definir melhor a entidade de EoC-IIN, focalizar a proposta inovadora e de valor, reforçar o empenho de cada num compartilhamento sempre maior de aventuras, resultados, necessidades, dinâmicas e instrumentos; ou seja, olhamos para a vida presente da EdC e para o seu futuro, que deve ser garantido e potencializado exatamente graças à ação dos Hubs EoC-IIN nos vários territórios, os quais têm um papel estratégico na incubação e aceleração de novas empresas constituídas em nome da comunhão e de um impacto social positivo.

Alternando trabalhos em grupo e momentos de plenária, o programa foi articulado e produtivo: após uma macro panorâmica atualizada sobre os frutos de EoC-IIN até hoje, trabalhamos numa apresentação do mapeamento de cada Hub, ou seja, dos vários contextos locais, e através de perguntas recíprocas para ajudar-nos a analisá-la, procuramos estudar melhor como poder aumentar os recursos e os serviços desta missão de acompanhamento das StartUps. Houve ainda uma Análise Swot dos Hubs individualmente, focalizando-se no detalhe sobre os pontos fortes e fracos, eventuais ameaças e oportunidades ainda não expressas, a fim de pensar bem nas próprias competências atuais e sobre como poder desenvolver as que faltam.

Ao escrever uma estratégia compartilhada mais eficiente, também foi de ajuda a introdução de uma precisa metodologia de incubação, baseada no Business Model Canvas e Lean StartUp Canvas: o percurso escolhido e sobre o qual trocamos ideias, longe de querer ser um esquema por demais rígido a ser respeitado na íntegra, constitui muito mais um instrumento para se ter uma linguagem comum e que, ao mesmo tempo, possa estruturar melhor o trabalho que os StartUppers acompanhados deveriam estabelecer: definir condições de viabilidade, identificar os tempos oportunos, recursos e competências empreendedoras necessárias, facilitar possíveis intervenções de especialistas e mentores, induzir à elaboração de um documento oficial com as principais características do projeto (que seja bem compreensível e apresentável também para a busca de fundos, onde forem necessários), e depois de uma análise estratégica cuidadosa, poder passar para o lançamento da atividade, realizando suas relativas práticas jurídicas, financeiras, de ação e comunicação.

Para além de instrumentos puramente técnicos, todavia, o foco do encontro foi colocado principalmente nos elementos de valor e unicidade (originalidade, nt) que caracterizam o processo de incubação realizado pela EoC-IIn em relação a muitos outros incubadores existentes:

  • Primeiramente o alvo principal, identificado em todas aquelas propostas de luta contra a pobreza, vulnerabilidade e isolamento. Vibrante, neste sentido, uma das cntribuições finais por parte dos coordenadores do Brasil (não a caso é o berço da EdC!), no específico da Presidência da Anpecom, para recordar concretamente que o objetivo de EoC-IIN é, antes de tudo, caminhar rumo aos pobres, tirá-los daquela espécie de culpa que a sociedade frequentemente quer impor-lhes, propondo-lhes, ao invés, confiança, acompanhamento e instrumentos para acionar uma atitude de resiliência e criar uma atividade que possa melhorar suas condições de vida;
  • A consciência e a força de ser uma verdadeira rede global, interdisciplinar e intergeneracional composta por uma comunidade viva de jovens, empresários, profissionais seniors, especialistas, técnicos, comunicadores, coordenada centralmente e ativada em nível local pelos Hubs;
  • Todo o processo baseado na comunhão: com a coragem de não ser provedores diretos de financiamentos, mas garantindo um acompanhamento em longo prazo e entendendo profundamente o que o StartUpper vive, queremos sempre mais desenvolver empresas nas quais a comunhão, baseada nos 3 pilares diálogo, confiança e reciprocidade, seja autêntica, forte e transversal a todos os elementos e decorra talvez ainda antes do impacto social produzido;
  • a vantagem de sinergias com outros interlocutores, onde muitos e vários membros trabalham de forma produtiva e capilar rumo a uma única direção de desenvolvimento integral da pessoa e da sociedade.

Os participantes do encontro viram-se trabalhando em contextos muito diferentes entre eles: dos limites de uma economia não de mercado como a particular experiência cubana, às carências mais estruturais do continente africano, aos altos índices de desemprego entre os jovens com boa formação espalhados pela Europa, etc… e, no entanto, todos se reencontraram na própria missão de verdadeiros ativadores da rede com uma específica dedicação ao desenvolvimento de novas oportunidades empreendedoras finalizadas a aliviar e, com o tempo erradicar o desiquilibrio social.

180209 11 Loppiano Coord EoCiin 07 rid 400Se no passado, o radicalismo e o envolvimento dos primeiros empresários de EdC estavam ligados a uma vocação pessoal, o desafio maior de EoC-IIN será saber alimentar igual radicalismo e difusão, atualizando a narrativa da EdC, transmitindo da melhor forma os seus valores, espandindo recursos, alianças e cooperações, e sabendo compartilhar a beleza e a preciosidade dos projetos econômicos apoiados que já estão mudando partes deste nosso mundo que não vai bem.

por Francesca Giglio